Santana vs. Rivera

Renato Prado Guimarães

Antonio Brito foi a Montevidéu como Governador do Rio Grande do Sul. Teve tratamento praticamente de Chefe de Estado, pelo que aquele Estado significa para os uruguaios e também pelo carinhoso apreço que estes tinham pelo visitante, como pessoa e político. 

Na verdade, os uruguaios cultivavam com gosto a versão de que Brito nascera no Uruguai, em Rivera, e não na vizinha Santana do Livramento, onde foi registrado. À altura de seu nascimento, o melhor médico estaria do lado uruguaio, e lá é que a mãe de Brito teria ido dá-lo à luz – escolha corriqueira na fronteira, que a ninguém embaraça. Mas causou algum constrangimento político ao Governador observação do Presidente Sanguinetti, em programa da TV gaúcha, de que a convivência em Santana e Rivera era tão próxima que seria difícil saber se Brito havia nascido de um ou de outro lado da fronteira. 

Na viagem a Montevidéu, em entrevista coletiva na Embaixada, os aguerridos jornalistas gaúchos resolveram encostá-lo na parede: 

-    Montevidéu é o melhor lugar para o Senhor esclarecer de uma vez por todas: definitivamente.  Onde é que o Senhor nasceu, em Santana ou em Rivera? 

Brito não se perturbou e respondeu, firme e taxativo:

-    Eu nasci em Santana, e disso muito me orgulho! 

Deu um tempo e arrematou a frase, no mesmo tom:

-    Mas agradeço a oportunidade da pergunta para proclamar:  tivesse nascido em

 Rivera, meu orgulho não seria menor!

 

Não por menos Tancredo Neves havia escolhido Antonio Brito  para ser seu porta-voz.