Antonio Brito foi a Montevidéu como Governador do Rio Grande do Sul. Teve tratamento praticamente de Chefe de Estado, pelo que aquele Estado significa para os uruguaios e também pelo carinhoso apreço que estes tinham pelo visitante, como pessoa e político.
Na verdade, os uruguaios cultivavam com gosto a versão de que Brito nascera no Uruguai, em Rivera, e não na vizinha Santana do Livramento, onde foi registrado. À altura de seu nascimento, o melhor médico estaria do lado uruguaio, e lá é que a mãe de Brito teria ido dá-lo à luz – escolha corriqueira na fronteira, que a ninguém embaraça. Mas causou algum constrangimento político ao Governador observação do Presidente Sanguinetti, em programa da TV gaúcha, de que a convivência em Santana e Rivera era tão próxima que seria difícil saber se Brito havia nascido de um ou de outro lado da fronteira.
Na viagem a Montevidéu, em entrevista coletiva na Embaixada, os aguerridos jornalistas gaúchos resolveram encostá-lo na parede:
- Montevidéu é o melhor lugar para o Senhor esclarecer de uma vez por todas: definitivamente. Onde é que o Senhor nasceu, em Santana ou em Rivera?
Brito não se perturbou e respondeu, firme e taxativo:
- Eu nasci em Santana, e disso muito me orgulho!
Deu um tempo e arrematou a frase, no mesmo tom:
- Mas agradeço a oportunidade da pergunta para proclamar: tivesse nascido em
Rivera, meu orgulho não seria menor!
Não por menos Tancredo Neves havia escolhido Antonio Brito para ser seu porta-voz.